Desde quando os primeiros jogos de videogame foram lançados, e principalmente na saudosa época do arcades, é bem comum que a morte do seu personagem seja uma mecânica que deve ser evitada para que você triunfe no fim do jogo. Seja uma simples queda em um buraco nos clássicos jogos de plataforma ou até mesmo a derrota para um poderoso chefão que vai te fazer voltar até um longínquo checkpoint , morrer sempre foi algo que fez parte integral de milhares de games diferentes. A parte boa é que nesses mundos digitais o seu personagem sempre vai ter outra chance. Mas, já imaginou se a morte nos jogos fosse tratada de uma forma um pouco mais parecida com a vida real?
Spiritfarer – um jogo de aventura em 2D criado pelo talentosíssimo estúdio Thunder Lotus Games -, é uma experiência como poucas que já tive a oportunidade de jogar na vida, afinal, esse simpático game se propõe a explorar um tema extremamente complexo de se abordar: a aceitação da morte.
Mas, pra você entender exatamente toda a genialidade por trás dessa ousada proposta, e ainda conhecer o relaxante e agradável gameplay, além dos amáveis personagens e lugares que o maravilhoso mundo de Spiritfarer reserva para você, embarque comigo para eu te contar mais sobre esse jogo indie que poderia muito bem ser confundido com um filme criado pelo Studio Ghibli 🙂

Uma difícil tarefa
Logo no começo de Spiritfarer você já vai conhecer a tarefa que você terá que cumprir ao longo da sua aventura. O jogo se inicia quando sua protagonista, Stella, acompanhada do seu fiel gato companheiro, Daffodil (que você pode inclusive controlar ao jogar no modo multiplayer), recebe o título de nova barqueira das almas do próprio Caronte – barqueiro oficial dos mortos na mitologia grega -, assumindo essa complexa profissão. A partir disso, seu objetivo é navegar pelas águas do mar e levar almas desamparadas para “o outro lado”.

E é claro que para fazer isso, você precisará de um barco, que vai acabar se tornando uma das principais e mais divertidas mecânicas dessa aventura e onde você vai passar grande parte do seu tempo no jogo. O seu navio começará de forma modesta – com apenas um quartinho para dormir – mas você deverá ir desenvolvendo ele ao longo de toda a história de Spiritfarer para ser bem sucedido no seu novo emprego. Construir novas estruturas, moradias para novos passageiros, aumentar seu barco de tamanho e até adicionar alguns upgrades que farão com que sua embarcação consiga chegar em lugares que antes não era possível no mapa vão sempre ser um objetivo constante ao longo da aventura. Além, é claro, de administrar para que a arquitetura do seu barco não fuja do controle, algo que com certeza vai fazer você perder bastante tempo, viu? (A minha definitivamente saiu do controle…)
Agora que você já conhece sua tarefa e o seu meio de transporte, chegou a hora da melhor parte, desbravar o rico mundo de Spiritfarer e sair atrás de novos passageiros para sua embarcação, para que você possa cumprir o seu papel: levá-los até o lugar certo e garantir que eles estejam prontos para fazer sua passagem. E desde o começo da aventura, o mapa é 100% aberto para que você explore por onde bem entender: basta selecionar seu destino e sua embarcação automaticamente vai se dirigir até lá, dando tempo para você curtir seu navio. O mundo é bem construído e cheio de ilhas, cidades e muitos outros pontos de interesse te esperando.

Aprendendo a dar adeus
Por mais que o mundo de Spiritfarer tenha me cativado, não dá para negar que a maior força do jogo está definitivamente em seus personagens, e nesse caso eu destaco exclusivamente aqueles que vão se tornar passageiros do seu navio e você terá que – mesmo contra sua vontade – levar até a porta do mundo dos espíritos para que eles façam a sua passagem. E eu te prometo, esse momento muitas vezes vai doer bastante, justamente pelo fato de que o jogo faz com que você se apegue às histórias, personalidades e até ao conforto de saber que aquele ser está sempre ao seu lado.
E a principal razão pela qual é fácil se apegar a eles é devido ao tempo que eles passam como passageiros do seu navio. Os diferentes espíritos possuem muitas vezes coisas não resolvidas em vida ou até mesmo desejos e experiências que eles queiram ver concluídos antes de tomar a decisão de fazer a travessia, e é claro que você como uma boa pessoa vai fazer de tudo para garantir que esses últimos momentos deles no mundo de Spiritfarer seja conforme eles sempre sonharam, certo?

Para concluir essa ingrata missão, você deverá criar uma relação com cada passageiro que você encontrar pelo mundo. Alguns vão pedir para que você os leve até certos lugares no mapa, outros vão pedir para que você aprenda a fazer seus pratos favoritos e alguns vão simplesmente querer um pouquinho da sua atenção, e é através dessas pequenas missões que você vai avançando na história de cada um, até que, inevitavelmente, ele peça para que você o leve até a porta do mundo espiritual. Ao longo do jogo, você vai ver que cada um tem uma personalidade bem diferente: alguns deles amam conversar sem parar e receber abraços constantes (que podem ser dados ao clique de um botão), enquanto alguns preferem uma relação mais fria e distante. Algo que lembra muito o mundo real, no caso 🙂
E se você está se perguntando: “mas afinal quem raios são esses passageiros?”… bom, eu prefiro não falar nada sobre isso. O desenrolar da história de Spiritfarer, explicando tudo por trás desse curioso mundo, é um dos mais bonitos que vi nos últimos anos e admito que foi difícil segurar as lágrimas no final desse incrível jogo indie.

O dia a dia de um barqueiro
Mas afinal, nem só de despedidas emocionantes se faz um indie game. Grande parte do seu tempo em Spiritfarer, como eu citei acima, acontecerá explorando o mapa do jogo ou a bordo do seu navio, mas pode ficar tranquilo porque você sempre vai ter algo para fazer.

Tudo que você pode construir na sua embarcação – como um pomar de árvores, uma fazenda de vegetais, um curral de ovelhas, uma forja de barras de metais, um moinho, um ateliê de costura, uma cozinha… entre muitas outras coisas -, requerem recursos para fazê-lo e até operá-los. Portanto, durante suas viagens, você vai estar sempre focado em coletar o maior número de itens possíveis para garantir que o seu navio esteja sempre operando em máxima capacidade. Por exemplo, para pagar pelo upgrade que permite que o seu navio passe a quebrar rochas marítimas, você vai precisar de um metal específico que só é encontrado em certos lugares do mar, além é claro, do tipo de madeira certa para pagar por isso também. Ou seja, você já tem algumas viagens pela frente sempre que quiser perseguir um novo objetivo em Spiritfarer.
A parte mais divertida é que quanto mais você viaja, mais você coleta. Cada nova ilha ou cidade que você atraca é uma enorme caixinha de surpresas dos recursos que serão encontrados por ali. Pode ser uma fonte de um novo metal precioso, uma árvore rara que você ainda não havia encontrado ou até mesmo uma semente de um vegetal que você precisa para cozinhar um prato específico. O mundo de Spiritfarer é rico e extremamente agradável de ser explorado por horas e horas. Então saiba que uma viagem de navio entre um ponto e outro do mapa vai ser um incrível momento para pescar, plantar novos vegetais, criar novos tecidos, conversar com seus passageiros, inventar receitas na cozinha e muito mais. Pode ficar tranquilo pois nenhum momento no jogo te deixa sem nada para fazer 😉
E só para não deixar de elogiar algo que merece infinitos elogios. Spiritfarer é um jogo indie com uma qualidade de animação, direção artística e trilha sonora que impressionam a todo e qualquer momento que você estiver olhando para a tela, deixando claro o carinho e cuidado que os desenvolvedores tiveram a todo momento com essa obra. Tudo é minuciosamente desenhado à mão, criando um daqueles mundos que realmente dá vontade de viver dentro.
Para quem está buscando por um jogo diferente, que seja extremamente gostoso e relaxante de jogar, não consigo recomendar Spiritfarer o suficiente, um indie game que vai ficar na minha cabeça por muito tempo.
Bora embarcar nessa jornada emocionante e conhecer os seus passageiros?
Adquira Spiritfarer
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Se depois de se emocionar com as suas aventuras pelos mares do mundo de Spiritfarer você quiser outra experiência que aborda de forma impactante o tema de aceitar a morte, dê uma olhadinha em To The Moon. Agora, se quiser algo que explore o conceito de morrer de um jeitinho bem diferente e divertido, sugiro dar uma olhada em Minit ou Hades.

Grande Quest Giver! Eu sei que sempre falo isso aqui, mas you’r the best! Dos seus posts aqui, eu já me deliciei com mais de 6 das suas dicas! Obrigado por mais esse excelente post!
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