Celeste

Quando um jogo indie desenvolvido por um pequeno estúdio é colocado lado a lado com os maiores lançamentos da indústria para concorrer ao tão sonhado prêmio de “Melhor Jogo do Ano”, é impossível não ter curiosidade de entender as razões pela qual ele chegou lá. Celeste acabou não vencendo a disputa no The Game Awards, mas chamou a atenção do mundo todo simplesmente por ter sido indicado, além de ter garantido duas outras categorias: “Melhor Jogo Indie” e “Jogo Impactante”.

Ao saber disso, decidi que era hora de preparar meu equipamento de escalada e participar da jornada incrível até o topo da montanha nessa brilhante aventura criada por Matt Thorson, da MattMakesGames, e lançada no começo de 2018 para todas as plataformas disponíveis.

Celeste é um jogo de plataforma em 2D que conta com uma direção de arte diferenciada, utilizando o estilo de pixel art para dar vida a lindos cenários e personagens que vão cativá-lo em pouco tempo. A aventura é inteiramente baseada em um pequeno jogo com o mesmo nome, que Matt Thorson e Noel Berry desenvolveram em apenas quatro dias para um festival de criação, e conta com mecânicas bem parecidas com a premiada experiência final que vamos explorar.

Conhecendo Madeline

A aventura de Celeste começa com a nossa protagonista, a simpática Madeline, chegando à base de uma grande montanha e tentando convencer a si mesma que está preparada para o desafio adiante. E com poucas linhas de diálogo você já passa a entender um pouco sobre quem é essa menina e, principalmente, o fato de que claramente ela sofre com falta de confiança.

Em seguida é a hora de conhecer um pouco sobre as mecânicas do jogo em um tutorial extremamente bem construído, onde você vai aprender três coisas: como escalar, como utilizar o seu dash – um movimento em linha reta no ar que te impulsiona para a direção que você quiser (Madeline possui apenas uma carga do dash, que é recarregada ao tocar no chão) e, por fim, que essa montanha não é nada normal… então prepare-se para muitas surpresas. 😉

E um dos pontos fortes de Celeste é exatamente o fato de que esses três elementos são basicamente tudo que você precisa entender para conquistar o jogo do começo ao fim. O design inteligente da aventura permite que você utilize essas duas habilidades, somadas a um tradicional botão de pulo, para navegar pelas telas habilmente construídas em forma de quebra-cabeças, que forçam você a raciocinar como chegar do ponto A ao ponto B em cada uma delas para progredir na história.

Encarando as dificuldades

Ninguém esperava que chegar ao topo da montanha fosse uma tarefa tranquila, e a alta dificuldade do jogo ajuda a construir este aspecto na narrativa. Ao assumir o papel de Madeline, é importante que o jogador sinta a frustração na hora da sua escalada pois isso é algo que ajuda a desenvolver a personalidade dessa personagem ao longo da aventura em Celeste.

O jogo sabe que você vai falhar muitas e muitas vezes e justamente por esse motivo ele te deixa tentar novamente em instantes, sem um loading cansativo ou uma tela de fracasso. Em um piscar de olhos você está exatamente no lugar onde morreu e pronto para alterar o seu plano de ação. Em Celeste, não há penalidades por errar.

Entendendo que isso poderia ser frustrante para alguns jogadores, Matt Thorson desenvolveu o “Assist Mode” – uma brilhante opção que permite que você altere a velocidade do jogo ou o número de vezes que você pode usar o seu dash sem tocar no chão. A ideia é permitir que absolutamente todo mundo possa vivenciar a experiência de Celeste da forma que mais se adeque ao seu estilo. Esse modo não altera em nada a trama da história, fazendo com que você conheça as fases, personagens e mistérios assim como alguém que esteja jogando da forma usual.

A jornada para o topo

Ao caminhar em sua aventura, percebe-se que esse tortuoso caminho até o seu objetivo, o topo da montanha, não apresenta apenas dificuldades e perigos. A história de Celeste vai se revelando aos poucos conforme você escala, e Madeline conhece diferentes personagens, que possuem características marcantes e diálogos bem desenvolvidos que podem te ajudar (ou não) a conquistar o seu desafio.

Mais importante que isso, porém, é o fato de que Madeline vai conhecendo mais sobre si mesma em sua escalada. Isso tem um impacto direto na jornada, já que os defeitos e a baixa auto estima da menina ficam cada vez mais evidentes e perigosos para ela e tudo ao seu redor, afinal, eu avisei que você deveria se preparar para muitas surpresas.

Durante a subida você também vai reparar na beleza dos cenários existentes na montanha. Cada fase conta com uma identidade visual própria, o que ajuda a dar vida para esses locais que variam desde uma cidade abandonada, um velho hotel ou até um templo selado há muito tempo atrás. Todos vão te surpreender!

Muito além do topo

Chegar no cume da montanha pode ser o seu objetivo principal, mas Celeste está repleto de desafios extras para aqueles que querem explorar cada canto das fases ou testar suas habilidades de escalada ao limite.

Todos os cenários possuem uma grande quantidade de morangos, que podem estar em plena vista ou escondidos, e aumentam a dificuldade da aventura para quem opta por colecioná-los. Além disso as fases também escondem fitas cassete e outro item secreto (sem spoilers), que são utilizados para abrir ainda mais segredos em Celeste.

Também devo ressaltar que Celeste possui uma trilha sonora fenomenal que ajuda a dar vida para cada um dos cenários e momentos do jogo com precisão, fazendo com que você sinta compaixão, ansiedade, medo, alívio e muitos outros sentimentos durante a sua heróica escalada.

Se você é nostálgico por um bom jogo de plataforma ou apaixonado por histórias impactantes, então não deixe de acompanhar Madeline nessa dura missão de superar seus medos e atingir por fim o topo da montanha.

Adquira Celeste:

• Steam: http://bit.ly/2DxPwTe
• Nintendo eShop: http://bit.ly/2UEwmkb
• Playstation Store: http://bit.ly/2VlrS6B
• Xbox Live: http://bit.ly/2vviPl3

Caso você queira um jogo de plataforma com um pouco mais de combate, eu recomendo que você dê uma olhada em The Messenger. Ou se preferir um jogo com um gameplay mais leve, veja Yoku’s Island Express.